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19 de Abril de 2024

48% dos jovens acham errado mulher sair sem o namorado, diz pesquisa

Foram consultadas 2.046 pessoas entre 16 e 24 anos das 5 regiões do país. Maioria reconhece machismo, mas ainda reforça comportamento sexista.

Publicado por Thais Mello
há 9 anos

Apesar de reconhecerem que o Brasil é um país machista, a maioria dos jovens ainda acredita e reforça comportamentos que reprimem as mulheres e as colocam em posição de desigualdade em relação aos homens. Em pesquisa divulgada nesta quarta-feira (3), 48% deles dizem achar errado a mulher sair sozinha com os amigos, sem a companhia do marido, namorado ou "ficante".

O levantamento foi feito pelo Instituto Avon e Data Popular com 2.046 jovens de 16 a 24 anos de todas as regiões do país – sendo 1.029 mulheres e 1.017 homens. Na entrevista realizada pela internet, 96% afirmam viver em uma sociedade machista. Ao mesmo tempo, 68% dizem achar errado a mulher ir para a cama no primeiro encontro e 76% criticam aquelas que têm vários "ficantes". 80% afirmam que a mulher não deve ficar bêbada em festas ou baladas.

A pesquisa também mostra ser comum nos namoros o controle excessivo por parte dos meninos sobre a vida das garotas e que elas ainda são vítimas constantes de assédio, constrangimento e intimidação nos espaços públicos.

48 dos jovens acham errado mulher sair sem o namorado diz pesquisa

Assédio

78% das jovens entrevistadas relatam já ter sofrido algum tipo de assédio como cantada ofensiva, abordagem violenta na balada e ser beijada à força. Três em cada dez garotas dizem ter sido assediadas fisicamente no transporte público.

Namoros

No relacionamento entre os jovens aparecem com frequência ações de controle e violência contra as garotas: 53% delas dizem que já tiveram o celular vasculhado, e 40% que o parceiro controla o que fazem, onde e com quem estão. 35% relatam que foram xingadas pelo namorado; 33%, impedidas de usar determinada roupa.

Sexo

Entre as mulheres, 9% contam que já foram obrigadas a fazer sexo quando não estavam com vontade, e 37% que já tiveram relação sexual sem camisinha por insistência do parceiro.

Internet

As redes sociais se mostram como um meio de controle dentro dos namoros: 32% das jovens relatam que tiveram de excluir algum amigo do Facebook a pedido do parceiro, 30% dizem que tiveram e-mail ou perfil de rede social invadido pelo namorado e 28% afirmam que foram proibidas de conversar com amigos virtualmente.

15% das jovens dizem que foram obrigadas a revelar para os namorados suas senhas de e-mail e Facebook, e 2% que receberam ameaça de cibervingança – a divulgação de fotos ou vídeos íntimos.

Machismo

Mais mulheres (42% delas) do que homens (41% deles) disseram concordar que uma garota deve ficar com poucos homens. E muitos garotos (43%) ainda veem diferença entre mulheres para “namorar” e “para ficar” – aquelas que têm relações com muitos homens não são para namorar. Entre as mulheres, 34% pensam o mesmo.

Enquanto 30% dos homens dizem que a mulher que usa decote e saia curta está se oferecendo, apenas 20% das mulheres concordam com essa afirmação.

Por que há violência?

48 dos jovens acham errado mulher sair sem o namorado diz pesquisa

Jacira Melo, diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão, diz que, em geral, a desigualdade vem desde o início dos relacionamentos. Enquanto os homens têm mais chance de viver com total liberdade, as mulheres enfrentam desde cedo limitações sobre onde ir, que horas sair de casa, o que vestir, como se comportar.

Segundo Jacira, ainda existe a cultura de que eles são superiores e estão no comando dos relacionamentos. “Isso é repetido geração após geração, e as meninas incorporam que os meninos podem impor as suas vontades. E quando a mulher sofre uma agressão, ainda se pergunta o que ela fez de errado.”

Para Nadine Gasma, representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, a violência de gênero é diferente das outras porque tem relação com as estruturas de poder entre homens e mulheres, e o fato de muitos deles pensarem nas companheiras como suas propriedades. Nas últimas décadas, diz ela, as mulheres conquistaram direitos na esfera pública, mas o que acontece no espaço privado ficou esquecido. E é lá que ocorre a maioria das agressões.

Violência entre os pais

“Quando você ataca a violência doméstica está atacando a violência da sociedade, onde a pessoa vai reproduzir as agressões que presenciou no lar", afirma Ana Maria Amarante Brito, coordenadora do movimento de combate à violência contra a mulher do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os dados da pesquisa reforçam essa afirmação.

43% dos jovens dizem ter presenciado a mãe ser agredida. A maioria dos garotos que passou por essa situação admitiu já ter praticado violência e controle contra a namorada.

Reação

A defensora pública Ana Rita Souza Prata afirma que o assédio relatado pelas jovens na pesquisa pode ser denunciado à polícia e, dependendo da abordagem, a punição varia de multa a detenção. Coordenadora-auxiliar do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, ela explica que a vítima deve, se possível, procurar na hora um policial ou guarda municipal.

"Se ele [o agressor] estiver de carro, anote a placa, o modelo, a cor. Se estiver a pé, preste atenção nas roupas, nas características", afirma, ressaltando a importância de a mulher conseguir apontar quem a assediou para as autoridades.

Segundo Ana Rita, as formas de assédio de rua, sem contato físico, costumam caracterizar importunação ofensiva ao pudor, que é uma contravenção penal com pena de multa a ser definida pelo juiz. Nos casos mais violentos, pode configurar crimes como ato obsceno (três meses a um ano de detenção ou multa) e estupro – que segundo o artigo 213 do Código Penal inclui tocar as partes íntimas de alguém sem seu consentimento, entre outros comportamentos.

A defensora destaca a diferença entre cantada e assédio."A paquera tem o consentimento da mulher. Se ela está andando pela rua, sem dar o menor sinal de abertura, e é interpelada de forma ofensiva, é assédio". A defensoria e a ONG Olga lançaram em conjunto no mês passado uma cartilha para a mulher vítima de assédio. O material pode ser acessado aqui.

Rede de proteção

Os grupos Themis (RS) e Geledés (SP) criaram um aplicativo para mulheres em perigo poderem pedir ajuda. Disponível para celulares com sistema Android, o PLP 2.0 permite à mulher cadastrar três pessoas de confiança no aplicativo.

Caso ela se encontre em situação de perigo, ela agita o celular e um alerta com sua geolocalização é enviado para os contatos cadastrados. A aplicativo também permite gravar áudio e imagens do ambiente onde ela está.

O aplicativo está sendo testado pela justiça do Rio Grande do Sul para conectar mulheres que têm medidas protetivas contra companheiros agressores e a patrulha Maria da Penha, da Brigada Militar.

48 dos jovens acham errado mulher sair sem o namorado diz pesquisa

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/12/48-dos-jovens-acham-errado-mulher-sair-semonamorado-d...

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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/48-dos-jovens-acham-errado-mulher-sair-sem-o-namorado-diz-pesquisa/155015348

7 Comentários

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A mulher tem mais poder que imaginam, e o modo de retomar esse poder depende apenas de uma coisa. E eu não vou falar que coisa é essa pois eu seria chamado de machista. Mas espero que, um dia, num futuro distante e utópico, elas façam isso e dominem o mundo. continuar lendo

"48% deles dizem achar errado a mulher sair sozinha com os amigos, sem a companhia DO marido, namorado ou"ficante "

Do ou de? A diferença é absurda. Uma coisa é sair e outra coisa é uma mulher em um relacionamento sair sozinha com outros homens. Assim como não pega bem um homem em um relacionamento sair sozinho com amigas.
Pesquisadores cuidado para não serem tolos sensacionalistas. Se não for o caso, triste. continuar lendo

Então a luta é para que todos os homens aceitem que a sua namorada, noiva ou esposa saia sozinha com amigos para ir a algum lugar, beber ou outra coisa?

Interessante...

Talvez nem o direito de pensar diferente e não gostar de que minha nova saia sozinha com amigos homens a noite eu tenha mais.

Só pode ser piada. Querem impor até mesmo seus critérios de liberdade para as outras pessoas. A que ponto chegamos.

Triste, muito triste. continuar lendo

Devemos respeitar o direito da mulher, pois elas tem o direito de ir e vim; Não devemos impor regras. Acho que o respeito mutuo devem existir. continuar lendo